domingo, 25 de dezembro de 2011

No Pain No Gain - Na verdade, não é bem assim!

Muitos treinadores , médicos e atletas desinformados acreditam que os anabolizantes esteróides androgênicos irão manter indefinidamente o estado de anabolismo. Entretanto , o fato é que o balanço anabólico-catabólico é até mais difícil de ser controlado em atletas que estão em ciclos dessas drogas , principalmemte no que diz respeito aos anabolizantes esteróides androgênicos orais e em altas dosagens.

Pode parecer que a utilização dessas drogas seja uma forma fácil e à prova de falhas de modificar a química corporal na direção do anabolismo , para combater os efeitos catabólicos do treinamento e competição intensas. Os anabolizantes esteróides androgênicos ligam-se aos receptores corticosteróides e bloqueiam sua atividade de catatabolismo da proteína. E se a alimentação for adequada no que diz respeito ao número de calorias , for rica em todos os nutrientes essenciais - especialmente proteína - o treinamento for suficientemente intenso , essas drogas produzem forças anabolicas poderosas.

Entretanto , após um determinado período de tempo ( oqual varia de atleta para atleta ) , o corpo tende a compensar a esse estado de anabolismo induzido farmacologicamente , provocando um aumento da produção de hormônios catabólicos ( corticosteróides ) e alteração da sensibilidade dos receptores hormonais para os anabolizantes esteróides androgênicos.

Como resultado , ocorre o efeito anulador e aquele ciclo dessas drogas necessitaria ser reprojetado mudando-se as drogas e/ou aumentando-se a dosagem. Tal procedimento pode temporariamente prolongar o estado de anabolismo , porém fatalmente irá surgir outro efeito anulador.

Oque ocorre é que o organismo esta sempre em ciclos de anabolismo-catabolismo de forma constante. As estruturas proteínicas estão sempre sendo construídas e degradadas e não existiria de maneira nenhuma do atleta estar permanentemente no estado de anabolismo ou de construção : se isso ocorresse , qualquer ser humano cresceria até ficar do tamanho de um prédio. Porém fato comprovado é que a fim de aumentar a massa muscular , o atleta precisar estar , na maioria das vezes , mais no estado de anabolismo do que no estado de catabolismo. Assim , é crucial que ele previna a ocorrência de estados prolongados de catabolismo , pois do contrário haverá grande perda do precioso tecido muscular.

Para se determinar o estado de anabolismo , o atleta deverá realizar alguns exames a fim de determinar o seu estado anabolico.

Os cientistas soviéticos descobriram que um teste clínico da glândula adrenal é capaz de mostrar quando os atletas estão em overtraining e quando estão prontos para um ciclo de treinamento intenso. O nome desse teste é o de supressão de dexametasona, que é o mesmo utilizado normalmente na medicina para a avaliação de pacientes portadores da síndrome de cushing, que uma condição onde existe excesso de produção de esteróides pela glândula adrenal e que frequentemente é acompanhada por obesidade , hipertensão e hirsutismo.

Em indivíduos saudáveis o sistema adrenal trabalha como um termostato sensível sendo que após realizado o teste com o medicamento o sistema adrenal adrenal apresentará supressão quase que completa da produção e da secreção de cortisol pelas glândulas adrenais. Porém em atletas com overtraining , esse feedback não ocorre e quase não há supressão das adrenais.

Tal resultado , se ocorrer com um atleta , indica que o treinamento , a alimentação, os padrões de sono e a recuperação deverão ser reajustados , e portanto não deveram ser iniciados ciclos de treinamento intenso , pois isso iria manter ou aumentar a atividade das adrenais e a sua produção de hormônios catabólicos.

Apesar de todos os esforços direcionados para a recuperação, os soviéticos mesmo assim concluíram que 25% dos seus atletas de elite falharam nesse teste de overtraining. Essa descoberta de que uma percentagem tão grande de seus atletas de alto nível permaneciam em estado catabólico em determinadas fases do treinamento periodizado foi dramaticamente importante. Isso demonstrou a necessidade daqueles atletas ajustarem a sua alimentação , seu treinamento , seu descanso e sua recuperação.

Trata-se de uma lição memorável e antológica para o atleta e o treinador desinformados , que acreditam que nunca mais estão treinando ¨duro¨ o suficiente , oque utilizam técnicas radicais , ditatoriais e ultrapassadas de treinamento do tipo ¨quanto mais , melhor.

Táis técnicas , além de diminuirem o potencial competitivo do atleta ( mesmo que o atleta venha a competir bem , é certo que ele competiria muito melhor se elas não fossem utilizadas ) , irão degradar significativamente a qualidade de vida do atleta , principalmente quando ele abandonar a carreira competitiva.

O conhecimento dos processos fisiológicos extremamente potentes que trabalham no corpo , como eles reagem ao stress e como eles influenciam o balanço anabolismo/catabolismo da química corporal , precisam ser um forte motivador para o atleta , para o médico , para o treinador e para o nutricionista esportivo , afim de que todos tornem-se cautelosos sobre o volume de treinamento e coloquem maior esforço no aprendizado e na prática de métodos e técnicas de recuperação disponíveis hoje pela ciência.


Por:

Luis Meirelles

Email: LMDIETS@ESTADAO.COM.BR

Fonte:

http://www.fisiculturismo.com.br/artigo.php?id=297&titulo=No+Pain+No+Gain+-+Na+verdade,+não+é+bem+assim!.html

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