Os músculos representam valores médios em torno de 40% sobre o peso corporal total dos indivíduos adultos. Atletas treinados em esportes de força possuem comumente um percentual de massa muscular mais elevado, opostamente indivíduos sedentários possuem menor percentual de massa magra.
Na constituição dos músculos, cada músculo como um todo é recoberto pelo Epimísio que é uma camada envolvente de tecido conjuntivo. O músculo é subdividido em pequenos feixes de fibras ou células musculares envolvidos pelo Perimísio. O Endomísio o qual é o invólucro de cada fibra (célula muscular), constitui a terceira subdivisão de todo o músculo.
Apenas uma única fibra muscular pode ser contida por até 80% de miofibrilas. Cada fibra muscular pode conter dezenas e até centenas de milhares de miofibrilas. As miofibrilas são constituídas por miofilamentos de dois tipos: miofilamentos grossos ou Miosina, que por sua vez é subdividida em meromiosina leve e meromiosina pesada, e os miofilamentos finos são denominados Actina.
As fibras musculares podem ser classificadas por meio de sua propriedade contráctil e por sua coloração: fibras lentas, fibras vermelhas e fibras de contração rápida, branca.
O treinamento de força provoca transformação dentro de um determinado subtipo de fibra muscular sendo uma adaptação comum em função do tipo e também da duração do treinamento. Provavelmente a transformação das fibras musculares dá-se apenas de forma gradual dentre os subtipos de fibras e não diretamente de um tipo para outro.
Segundo Pette; 1980, Rayment; 1993, Staron; 1989 in Howley & Powers; 1997; 2000, o treinamento de força e o treinamento de endurance acarretam a conversão das fibras rápidas em fibras mais lentas.
As fibras brancas hipertrofiam-se sob a aplicação de treinos de velocidade e de força na presença de estímulos com grande sobrecarga, e reduzido número de repetições. A hipertrofia das fibras lentas, dá-se sob estímulo caracterizado com baixa sobrecarga e um alto volume de repetições.
A proporção das fibras musculares pode variar sensivelmente de um grupamento muscular para outro, de individuo para individuo assim como, nas categorias diferenciadas de atletas de elite, em função com a predominância da força, da velocidade ou da resistência no esporte praticado.
O vasto lateral, reto femoral, gastrocnêmio, deltóide e bíceps braquial, contém aproximadamente 50% de fibras de contração rápida. O sóleo possui 75% a 90% de fibras de contração lenta do que os outros músculos da perna. O tríceps braquial possui mais de 60% a 80% de fibras de contração rápida do que os outros músculos do braço.
Entre as idades de 12 a 14 anos encontramos 14% de fibras com características intermediárias em rapazes e 10% em moças. Sabemos que as fibras intermediárias podem ser transformadas em fibras lentas ou rápidas, de acordo com o tipo de treinamento. Possivelmente nesta faixa etária encontra-se o momento para a definição das características atléticas futuras de velocidade, de força ou de endurance.
Visando recrutar as fibras intermediárias para o grupo das fibras de contração rápida durante a passagem dos 12 a 14 anos de idade, o treinamento deve ser dirigido de forma a beneficiar a força e a velocidade durante este período. A transformação destas fibras musculares de características intermediárias num momento posterior, deixará de ser possível; Bauersfeld/Voss; 1992 in Weineck;1999, constituindo-se desta forma na passagem dos 12 aos 14 anos de idade, situa-se o momento exato e mais propício ao treinamento de base da força de velocidade.
Os treinamentos de endurance e de outras qualidades físicas não devem ser negligenciados, assim como, a aprendizagem e o aperfeiçoamento das características técnicas esportivas. Apenas neste período dá-se ênfase aos treinos específicos de velocidade e força geral de forma mais elaborada e sob controle pleno.
O alongamento das estruturas musculares principalmente dos posteriores do tronco, o fortalecimento dos músculos do abdômen (reto, oblíquos), coluna vertebral (eretores) necessitam de treinos rotineiros.
O treinamento árduo e prematuro de velocidade na infância pode ser prejudicial posteriormente para o desenvolvimento da velocidade e da força rápida; Weineck; 1999
Aplicar treinamentos visando apenas garantir modificações primárias sobre os tipos de fibras musculares é um meio e não um fim, relacionado ao sucesso desportivo. O sucesso desportivo constitui-se da reunião e do equilíbrio de fatores psicológicos, neurológicos, bioquímicos, cardíacos, circulatórios, biomecânicos, socioeconômicos, ambientais dentre outros.
Por:
Luiz Carlos Chiesa
Profissional de Educação Física - Registro CREF1/ES- N.º 000069
Autor dos livros:
Musculação: uma proposta de trabalho e desenvolvimento humano, Espírito Santo: Editora da U.F.E.S, 1999.
Musculação: Aplicações práticas – Técnicas de uso das formas e métodos de treinamento, Rio de Janeiro: editora Shape, 2002.
Página pessoal: CHIESA - Power Training
Fonte:http://www.copacabanarunners.net/fibras-musculares.html
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