O rendimento dos atletas vem aumentando gradativamente e as últimas Olimpíadas constituem um termômetro que demonstra o fato. Os sucessivos recordes alcançados por esportistas de todas as áreas mostram claramente maior preparo físico. Associadas ao sucesso de talentosos atletas estão a ciência e a tecnologia, colaborando bastante para obter os louros da vitória.
Do lado tecnológico, tecidos inteligentes trazem maior conforto térmico aos esportistas, adequando seus trajes às variadas situações de clima e temperatura. Os tênis são projetados, muitas vezes, especificamente para os pés de um campeão, assim como acontece com as bolas utilizadas nas várias modalidades esportivas, entre outros apetrechos aprimorados após anos de pesquisas.
Na área da saúde, a medicina esportiva contribui para o aumento do rendimento, orientando os atletas com procedimentos corretos para evitar desgastes e auxiliando na prevenção de problemas que antigamente, deixavam esportistas valiosos fora das competições.
Aliada aos avanços da medicina está a nutrição esportiva que entra em campo com força total para que atletas possam extrair o máximo de suas potencialidades na prática de esporte e em competições.
Combustível adequado
A falta de atenção à alimentação pode interferir no rendimento durante uma competição e o que é mais grave, causar problemas de saúde decorrentes da prática esportiva. Treinos constantes e competições podem causar desgastes e estresse para os quais o corpo não está preparado.
“A alimentação deve ser equilibrada e diversificada, contendo todos os grupos alimentares, priorizando sempre os carboidratos” afirma Valéria Paschoal, diretora da VP Consultoria Nutricional.A dieta é feita, na medida do possível, respeitando os hábitos alimentares do atleta. Há necessidade de uma investigação, anamnese, avaliação corporal e exames laboratoriais e, se for preciso, pode ser aplicada uma dieta para tentar corrigir algum desvio alimentar existente ou que possa futuramente levar a alguma patologia. O objetivo primeiro deve ser a saúde do atleta e depois a performance”.
A alimentação está relacionada não somente ao tipo de esporte, mas também à intensidade e duração da atividade, levando em consideração variáveis como a necessidade nutricional do indivíduo, de acordo com composição corporal e com o gasto energético do esporte praticado.
O organismo utiliza diferentes fontes de energia – glicose, ácidos graxos e aminoácidos. Nos exercícios mais intensos e rápidos, como corrida de velocidade ou levantamento de peso, o organismo usa basicamente a glicose como combustível para os músculos, proveniente do armazenamento de glicogênio. Nos esportes intermitentes e de menor intensidade, como basquete, futebol e corrida, o organismo também solicita a glicose como fonte de energia, porém a gordura é predominantemente oxidada como fonte de energia.
Afirma a professora Tânia Rodrigues, da RG Nutri Consultoria Nutricional: “a dieta deve oferecer quantidades calóricas ideais para cada tipo de metabolismo utilizado no esforço e ainda distribuir carboidratos e proteínas de forma a garantir a produção de energia e a recuperação muscular”.
Nas práticas esportivas o organismo terá diferentes demandas por vitaminas e sais minerais que regulam o metabolismo. Assim, deve-se considerar a função antioxidante de alguns alimentos e também outras substâncias capazes de melhorar a performance – os ergogênicos pois, dependendo da atividade, o organismo vai exigir diferentes fontes de energia do alimento. “A gordura é mais utilizada como substrato energético em atividades de longa duração que priorizam o metabolismo aeróbico, porém com intensidade moderada. Já nas atividades de alta intensidade e curta duração predomina o metabolismo anaeróbico, o que demanda muito mais carboidrato como substrato energético, explica Glaucia Figueiredo Braggion, nutricionista do Celafiscs - Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul e assessora técnico-científica do Programa Agita São Paulo
Situações climáticas
Alguns itens da dieta alimentar sofrem alteração dependendo do clima onde acontecerá uma competição. Uma prova ou torneio em locais de clima quente, exige maior atenção na hidratação dos atletas, já que o consumo adequado de água impede a desidratação e a redução do desempenho. As exigências energéticas para trabalho no calor podem chegar a 0,5% para cada aumento de 0,02º C, a medida em que a temperatura ambiente cresça de 30º C para 40º C. Nesses casos, a suplementação vitamínica é desnecessária, com possíveis exceções. Alguns estudos indicam que a vitamina C facilita a aclimatação ao calor e as vitaminas B múltiplas reduzem a fadiga durante o trabalho em ambientes quentes.
Já no clima frio, as exigências energéticas ficam consideravelmente mais altas quando acompanhadas de esforço físico. Estudos que tratam especificamente de exigências nutricionais no frio sustentam o conceito de que baixas temperaturas não provocam uma demanda maior de quaisquer nutrientes, além das calorias. Segundo Tânia Rodrigues, não há confirmação de que dietas ricas em gordura sejam apropriadas para operações em clima frio, mas provavelmente não poderão ser tão pobres em gordura no período de preparação para impedir a redução excessiva da gordura corporal, o que pode gerar fadiga precoce devido à perda de calor.
Além de baixas temperaturas, alguns atletas precisam enfrentar também um aspecto um pouco pior – a altitude. Nesses locais, a capacidade de oxidação (diminuição de oxigênio) muscular requer maior cuidado nos treinos. Para isso deve-se garantir a adequação de treinos e dieta rica em proteínas, vitamina C, complexo B e, se necessário, ferro, aumentando os níveis de hemoglobina.
Fonte: http://www.nutrinews.com.br/edicoes/Mat03Ed186NutricEsport.html
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